terça-feira, 1 de março de 2011

O RÉQUIEM DA MORTE

     
             Eulália M.Radtke
                       
Provisória até o fim
-ilha farol-
eu te desenho,
para que despontes
onde amar de amor
onde amor de amar
é beber a miragem
                      da paisagem
                      da espuma
no secreto barco de partir.

Sopra o vento um ar definitivo,
-fera absoluta,triste poesia,
                     elegias,odes-
tão calma,tão clara,tão cínicas
                     traves de solidão.

Sopra sim
nossas vidas
tão vastas e tão sentidas,
-um movimento um instante-
reduzido o coração.

Procuras o norte
e o sul te sublinha

Procuras o oeste
e o nordeste te arranha

Procuras o infinito
e é no centro que teus braços
desprovidos de avisos,
que teus  braços abraçam a vida
na rede do medo
(olhos de dor)
inútil será adiar.

Terá a morte alguma coisa
                               do presente?
Os dias vão trançando cordas
para amarrar o coração à vida.
É grade que nos fecha
crispada e definida
na pátria mais quieta
de todas as solidões.
                    Inútil será adiar.
                    Inútil será adiar.

E quando a face intacta
nos redimir num só enlevo,
numa só seiva e quebradas asas,
será nosso o peso da terra
será nosso o peso da carne
será nossa
a haste mais profunda da palavra morte.

E secretos fomos
 A princípios e crenças.

serão nossos os altares da terra,

serão nossos
os nervos da corrente cantando
                                    hinos,


serão nossas
a espada e a carne líquida
                             da luz,

SERÁ NOSSA
A PERFORMANCE DE DEUS

 - do Livro: O Sermão das Sete Palavras
Prêmio Luis  Delfino 1985-ed. FCC /thesauros

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