TREM
( Esboço de um Poema não Interpretado )
Eulália M. Radtke
( Inverno de 2011 )
I
Nascia o Século XX.
Nos bolsos dos coletes
os medalhões anunciavam
a hirta palavra progresso.
É hora de lavrar caminho
singrar arrabaldes
nas mãos da sutil agrimensura sem encharcos :
as gentes, fubá gado roupas madeira
não podem molhar.
II
Num rumo de rio
vertido longe
silenciosa alameda espreita
as águas os homens
em seus 179,8 quilômetros
é a serpentina de ferro e ferrugem
entre paisagens abissais
na serra do mar
campos cálidos
pontes vergadas de sono
túneis sem estrelas .
III
"Como era verde nosso Vale!"
Num domingo ou feriado
aquela flor de metal
perfumava nossa juventude mansa
guiando nós sonhantes
a piqueniques de não esquecer.
Em meu canto de saudades secretas
ainda é sólidos nos ouvidos
a memória dos sons
os dolentes sinos da Catedral
e o anverso dos apitos desconexos
-- a eternidade fazia os minutos
galopes incontidos no peito
vapores deitando no Vale
embalados entre ar e alento.
IV
Hoje,
o tempo, apenas mão suspensa na História
sobre a mesma terra sempre.
O sonho vertical fundiu
as cidades
e dormentes dormem sob relvas
asfalto ,esquecimentos.
São os desígnios
dogmáticos da vulnerável palavra:
modernidade
( assinada em março de 1971 )
Hoje
um girassol esparramado
guarda e aguarda
um renascimento de luz
ungindo o antigo neste Século XXI
de expectativas tão vária.
sábado, 27 de agosto de 2011
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