Eulália M. Radtke
Mulher de Eva,
mulher da seda
plebéia ou rainha.
Mulher da vida,
ligas penas e plumas.
Mulher do mundo,
espelhos linhos e tafetás.
Mulher da rua,
ouro peles e xales de franjas.
Moça do fado.
Mulher da zona,
à-toa do fandango da comédia mundana
fêmea e cortesã.
Ainda plebéia ou rainha,
mulher decaída égua loba e andorinha.
Ainda plebéia ou rainha,
mariposa de vidro de má nota
errada ou vadia.
errada ou vadia.
Mulher plebéia do meio ou rainha,
das camas insalubres, colchas de seda
dos guetos e sozinha.
Mulher mágica,
meio peixe meio lua
vítimas domésticas,
-quase feias-
enrugadas frontes na comovente indiferença
pela beleza.
Gazelas e borboletas,
inquietantes, sinuosas e fugidias
como a areia no deserto.
Vênus lascivas
-garças selvagens voando suas asas
em perfeita solidão
Mulher do manto e da reza,
campesinas graves e duras
como as estrofes de uma ode.
Mulher de crinas, cavalas
Safos virís e lúdicas,
cosedeiras de portas entreabertas.
Joanas D'arc e Amélias
Evitas e Leopoldinas
Indiras e Anitas
Duquesas de Windsor e Marias Bonitas
Princesas e Maria da Silva,
todas rainhas
antigas e sagradas como a carne e o sangue.
( trecho do poema- A GUARDIÃ DE REBABHOS, da
obra LAVRA LÍRICA- ED. CM-FCB . Livro do Ano 2000 eleito
pela Academia catarinense de Letras)
15/3/2006 20:59
Nenhum comentário:
Postar um comentário